Via Costeira muda Natal e o turismo do RN
Fonte: Tribuna do Norte (16/08/2025)
Dois marcos fundamentais das décadas de 1970 e 1980 moldaram a paisagem urbana e a identidade de Natal, consolidando a cidade como um destino turístico em expansão e, ao mesmo tempo, um exemplo de preservação ambiental: a inauguração do Parque das Dunas, em 1977, e em 1985, da Via Costeira.
Criado por decreto estadual em novembro de 1977, o Parque Estadual Dunas de Natal “Jornalista Luiz Maria Alves” é a primeira unidade de conservação ambiental do Rio Grande do Norte. Reconhecido pela UNESCO como parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e declarado Patrimônio Ambiental da Humanidade, o espaço desempenha papel fundamental na preservação da vegetação nativa e na proteção da fauna local.
Com áreas que se estendem por bairros das zonas Sul e Leste de Natal, o parque forma um corredor verde que acompanha a Via Costeira, integrando natureza e urbanização. Além de trilhas e espaços de lazer, abriga o Centro de Convenções de Natal, reforçando sua importância também como polo turístico e cultural.
Na edição de 3 de agosto de 1977 a TN denunciava problemas como a retirada ilegal de areia para a construção civil, causando problemas ambientais como erosão, e a especulação imobiliária que ameaçava a área. A TN mencionava as ações do governo para embargar a extração de areia e os impactos locais.
O Parque das Dunas é a segunda maior reserva de Mata Atlântica urbana do Brasil, ficando atrás apenas da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com esse apelo, as agências de propaganda vendiam Natal como sendo uma das cidades com o “ar mais puro das Américas”.
Em relação à Via Costeira, já na edição de 10 de janeiro de 1978, a TN deu grande destaque ao projeto da Secretaria de Planejamento do RN, chamando a atenção para o futuro de Mãe Luiza, a poluição nas praias e o próprio Parque das Dunas.
O jornal citava que a área enfrentava sérios problemas relacionados à ocupação desordenada e à poluição ambiental. Nesta edição, a Tribuna mencionava que “o projeto visa organizar espacialmente essa faixa litorânea de forma sustentável, protegendo o ecossistema regional e promovendo o desenvolvimento socioeconômico da área”.
Inaugurada no governo de José Agripino Maia, a Via Costeira surgiu como uma das obras mais ousadas da engenharia potiguar. A estrada ligou as praias urbanas à região de Ponta Negra, passando por um dos trechos mais belos e preservados d o litoral natalense. Com seus cerca de 9 quilômetros margeando o mar e as dunas do Parque Estadual das Dunas, a via foi pensada como eixo estratégico para o turismo, permitindo a instalação de grandes hotéis e facilitando o acesso às áreas de lazer da cidade. A nova avenida rapidamente transformou o setor hoteleiro e turístico, abrindo Natal ao mercado nacional e internacional.
Foto: Elisa Elsie